
POR QUE DEVO CONSIDERAR UM MEDICAMENTO MANIPULADO EM MINHA PRESCRIÇÃO?
MITOS E VERDADES (part I):
Autor: Jose Antonio Ferreira, Ph.D
Podemos dizer que a origem e a própria história das farmácias de manipulação se confundem com a história da medicina. No Brasil não foi diferente. A manipulação de medicamentos em nosso país remonta ao período colonial. Em 1604 as boticas foram autorizadas como comércio e passaram a crescer e se multiplicar pelo país. A Farmácia de Manipulação se desenvolveu para atender a necessidade da população por remédios para os mais diversos males. Ao longo dos séculos as farmácias de manipulação evoluíram muito, contudo, conservaram suas características primordiais, e continuaram a ter seu papel essencial para a saúde humana. Em 1945, quando surgiram as primeiras indústrias farmacêuticas, passaram a se produzir medicamentos em grande escala e com dosagens específicas para o tratamento de cada enfermidade, o interesse pela manipulação específica dos medicamentos prescritos reduziu de forma considerável. Desta forma, após um período de declínio, entre os anos 40 e 70 do século passado, os estabelecimentos magistrais ressurgiram a partir dos anos 80 e, em 2001 surgiu a primeira regulamentação específica para o setor, a RDC-33/00 (BRASIL, 2001).
O que diz o Conselho Federal de Farmácia.
Segundo o Conselho Federal de Farmácia: “manipulação compreende o conjunto de operações farmacotécnicas, realizadas na farmácia, com a finalidade de elaborar produtos e fracionar especialidades farmacêuticas”. A Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais (ANFARMAG) vem destacando o aumento do número de farmácias magistrais no Brasil, seguindo uma tendência mundial. Este aumento vem sendo acompanhado por modificações importantes na legislação objetivando dar mais segurança em todo processo de manipulação de fórmulas magistrais bem como definir, de forma clara, as áreas de atuação e regulação sanitária para as farmácias de manipulação. Há atualmente, no Brasil, uma ampla discussão a respeito do papel das farmácias de manipulação, e a crescente regulamentação desse setor, levou até um importante marco técnico com a reformulação do Regulamento sobre Boas Práticas de Manipulação de Medicamentos em Farmácias (2000).
Nos últimos dez anos o interesse por preparações farmacêuticas manipuladas tem aumentado, por vários fatores entre eles destaca-se a mudança do ponto de vista dos profissionais, que antes meramente dispensavam medicamentos, mas passaram a se preocupar com o paciente e suas necessidades terapêuticas individuais, fato esse devido ao movimento “assistencial farmacêutico”, que prevê uma terapia medicamentosa responsável com o propósito de alcançar resultados definitivos que melhorem a qualidade de vida do paciente. Destaca-se ainda que este crescente interesse nas formulações magistrais é também baseado na possibilidade que a manipulação traz ao tratamento farmacológico de adequação de doses, associação de fármacos e escolha da forma farmacêutica mais adequada para cada paciente. Além disso, é possível preparar medicamentos órfãos, inclusive aqueles retirados do mercado pela indústria farmacêutica por razões econômicas ou outras, viabilizando também outros usos para medicamentos tradicionais.
São inegáveis as vantagens que um medicamento manipulado pode trazer uma terapia medicamentosa individualizada e personalizada. Porém muitos não se beneficiam destas vantagens por terem dúvidas quanto à qualidade destes medicamentos.
A avaliação da qualidade dos medicamentos manipulados atualmente é importante para verificar se exigências legais estão sendo atendidas, nos casos que não estiverem deve ser tomadas as medidas cabíveis de acordo com legislação vigente, pois os usuários não podem consumir um produto que não tenha qualidade garantida. É responsabilidade da farmácia que eles sejam realizados antes do medicamento ser dispensado. Trabalhos de realização de ensaios de controle de qualidade, incentivo a maior fiscalização e informação à população sobre os resultados obtidos são de suma relevância, pois as farmácias têm obrigação de produzir medicamentos seguros. Os usuários têm o direito de adquirir medicamentos seguros e poder usufruir com segurança de uma terapia medicamentosa com medicamento manipulado.
Podemos listar sete vantagens claras para a escolha do uso de um medicamento manipulado na terapêutica.
- Dose certa para a pessoa certa – Somente na fórmula manipulada é possível prescrever doses diferenciadas que atendem às necessidades de cada paciente individualmente.
- Associação de medicamentos – Há doenças que necessitam serem tratadas com vários medicamentos ao mesmo tempo. Quando isto ocorre, para facilitar o tratamento, o médico e/ou dentista podem prescrever, desde que não haja incompatibilidade entre os princípios ativos, fórmula manipulada que possibilite a associação de todas as substâncias químicas, em um único produto.
- Preparações especiais– É possível preparar medicamentos órfãos, inclusive aqueles retirados do mercado pela indústria farmacêutica por razões econômicas ou outras, viabilizando também outros usos para medicamentos tradicionais.
- Segurança – A Farmácia deve seguir as normas de boas práticas de manipulação determinada pelo Ministério da Saúde. A qualidade das matérias-primas utilizadas e o processo de manipulação são rigorosamente controlados.
- Economia – O produto manipulado é prescrito pelo médico e/ou dentista na quantidade e dosagem exatas para o tratamento do paciente, portanto, não gerando sobras.
- Custo-benefício: Na maioria das vezes, o preço de medicamentos manipulados é menor do que o valor cobrado em medicamentos comuns, considerando a quantidade e concentração de ativos, sendo que a diferença pode chegar até 50%.
- Relacionamento “farmacêutico x prescritor” – Sempre que necessário, o farmacêutico contata o médico/ dentista para esclarecer todas as dúvidas e garantir a sua saúde, facilitando o entendimento da posologia utilizada.
Autor: José Antonio Ferreira, Ph.D
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